Hoje recuperamos um trabalho de 2019, bastante diferente do que é habitual fazer-mos: a criação da Rota dos Ofícios Tradicionais da Terra de Payva. O trabalho incluiu uma brochura, uma aplicação móvel, identificação de percursos e colocação de sinalética. A rota situa-se em Castelo de Paiva. É possível obter mais informação AQUI.

Rota da Madeira e Outros Ofícios

Distância: 53,2 km

N.º de artesãos: 6

“Vinho turvo, madeira verde e pão quente, são três inimigos da gente.”

Esta é uma rota heterogénea, com vários ofícios de diferentes áreas. Os artesãos que a compõem são a Dona Adelina e o Sr. Aníbal na freguesia de Real, lugar da Portelinha, produtores de cestaria artesanal, o Sr. Manuel e o Sr. Carlos Martins, que produzem miniaturas em madeira no lugar da Ladroeira, freguesia de Bairros e Póvoa, Pedorido, o Sr. Constantino que é barbeiro em Sardoura, a Barbearia Camelo em Sobrado, no centro do concelho, e o Sr. Falcão, que produz redes de pesca artesanalmente no lugar do Castelo, freguesia de Fornos. Ao visitar esta rota ficará a conhecer os ofícios que estão ligados ao trabalho artesanal da madeira, as barbearias tradicionais de Castelo de Paiva, e irá perceber como se produz artesanalmente uma rede de pesca.

Além dos restantes ofícios, aproveite a oportunidade para conhecer o Sr. Constantino de Sardoura, que é provavelmente o barbeiro mais idoso de Portugal em atividade.

Rota do Metal e da Pedra

Distância: 31,2 km 

Nº de artesãos: 6 

“Em casa de ferreiro, espeto de pau.”

Como o nome denuncia, esta é uma rota dedicada aos ofícios relacionados com o trabalho da pedra e dos metais. 

O trabalho do cobre em Castelo de Paiva é o exemplo prático de que é possível criar negócio partindo dos saberes artesanais. Estão integrados nesta rota três produtores de artigos em cobre que têm o seu negócio estabilizado ou em crescimento, sendo que exportam grande parte do material que produzem. O trabalho do cobre em Castelo de Paiva tem já uma história longa. Iniciou-se na década de 40 com o trabalho de José Bento da Cunha Ferreira, sendo que este chegou a ter uma fábrica aberta na região que empregava cerca de sessenta e sete pessoas. Daqui a produção evoluiu e diversificou-se, sendo que a aposta mais forte dos produtores de cobre é nos alambiques para destilação. Visitando os ofícios de trabalho do cobre, nomeadamente a Cunha, Moreira e Mendes, a Copper Special e a Coppercrafts, ficará a conhecer como são fabricadas estas peças e terá a oportunidade de comprar ou encomendar uma para levar para casa.

Ainda na área do trabalho do metal, poderá visitar o Ferreiro da Cepa. O Sr. António Magalhães já fez 85 anos e é o último ferreiro vivo da terceira geração de ferreiros de família. A sua oficina é muito pequena e verdadeiramente genuína, com uma forja que atualmente tem pouca utilização, mas que poderá visitar e perceber como funciona.

Por fim, na área do trabalho da pedra, a Xisto Criativo é uma iniciativa do Sr. António, que é um artesão que desenvolveu uma paixão pelas construções típicas da região de Paiva, e em volta dessa paixão criou um pequeno atelier de miniaturização onde recria moinhos, casas e presépios com pedra de xisto da região. O Sr. Carlos Araújo é também um artesão dedicado às miniaturas em xisto.

 

Rota dos Tecidos e do Calçado 

Distância: 30,6 km

Nº de artesãos: 4

“Sapateiro porque choras? Porque não tenho solas.”

Nesta rota poderá conhecer os ofícios artesanais ligados à produção de tapeçarias em tear, assim como conhecer o sapateiro de Sardoura, Sr. António de Cerdeira, que tem a sua oficina neste local há mais de 30 anos. 

A utilização de teares rudimentares para a produção de tapeçaria é bastante tradicional em Castelo de Paiva. Atualmente já são poucos os artesãos que mantêm a arte, mas a Maria, a Conceição e a Incluir – Cooperativa Artesanal têm sido persistentes no ofício.

A Maria e a Conceição produzem tapeçaria com tear nas suas casas, vendendo depois os tapetes em feiras ou a quem as procura. Fazem também tapetes por encomenda, pelo que a sugestão é que lhes faça uma visita, conheça as suas peças e a forma como são feitas, e no final encomende uma peça à medida, exclusiva para si.

Gerida pelo Centro Social de Santa Maria de Sardoura, a Incluir – Cooperativa Artesanal (ICA) surge no âmbito do projecto “Incluir”, que entre várias outras acções serviu para fomentar e desenvolver as oficinas tradicionais, e assim capacitar os habitantes do concelho. A Incluir tem desenvolvido um importante papel na preservação dos ofícios tradicionais e do artesanato, assim como tem sido um exemplo de empreendedorismo social com efetivos impactos na vida da população. A cooperativa desenvolve atividades de tecelagem, cerâmica e tapeçaria bordada. A cooperativa possui dois polos: um mais próximo do centro da freguesia de Sobrado, mais utilizado como posto de vendas, e outro em Sã, na freguesia de Sta. Maria de Sardoura.

Nesta rota poderá visitar ainda a modesta oficina de sapateiro do Sr. António de Cerdeira, sita no centro de Sardoura.

 

Rota da Gastronomia

Distância: 25,3 km

Nº de artesãos: 5

“Pela farinha se conhece o moleiro.”

Entre os ofícios tradicionais ligados à gastronomia, poderá visitar neste rota a moagem em moinho tradicional, a produção de azeite por processos artesanais e a cozedura de broa em forno.

O Sr. Justino tem o seu moinho nas margens do rio Sardoura, no local de Cabril, freguesia de São Martinho de Sardoura, rodeado por um cenário pitoresco onde ainda se respira o mundo rural de outrora. Dando continuidade à arte da família, o artesão da freguesia de São Martinho herdou a arte da moagem do seu pai, que por sua vez a herdou do avô. Há um conhecimento transgeracional, um legado, que leva o milho até à mó e tira proveito da força da corrente para produzir farinha artesanal única. Aqui poderá conhecer e ver em funcionamento um moinho tradicional, e presenciar a produção de farinha de trigo por moagem tradicional.

O lagar de azeite de Folgoso é já muito conhecido no concelho de Castelo de Paiva e fora dele, tendo já inclusive sido alvo de reportagem televisiva. O Sr. José António é a pessoa ideal para explicar o processo de fabrico tradicional do azeite. Se vier na altura do Natal, talvez possa levar um azeite tradicional para regar o bacalhau no dia da consoada.

A Sweet Green e a Maria da Graça produzem licores e compotas a partir de produtos caseiros.